Um tema que dá muito que reflectir...
Um caso em que publicação de videos de sexo na net levam a tortura psicológica e tragédia.

Sem querer pré-censurar nada nem ninguém, mas sugiro que se abstenham de cinismo ou sarcasmo, em eventuais comentários a uma situação deste género e com estas consequências. Há coisas que não dão para rir. Mas dão para pensar, e, quem sabe, partilhar os pensamentos, sobre sexo, net, esfera privada, domínio público, vergonha, ruptura total, tragédia.

https://www.dn.pt/mundo/interior/veroni ... 61360.html

Verónica fez um vídeo sexual com ex-namorado. Agora toda a gente o viu e ela suicidou-se
Imagens gravadas há cinco anos foram partilhadas pelos colegas da fábrica onde trabalhava, até chegarem ao conhecimento do marido. Ex-namorado foi ouvido pelas autoridades e saiu em liberdade.

Verónica ainda aguentou semanas de cochichos à sua passagem, de gozo, de maledicência. Dias e dias em que um vídeo onde aparecia em práticas sexuais gravadas há cinco anos com o ex-namorado passou de telemóvel para telemóvel no seu local de trabalho, uma fábrica de carros, em Madrid. Até que as imagens chegaram ao conhecimento de uma cunhada e depois do próprio marido.

A mulher de 32 anos, mãe de duas crianças, não aguentou a pressão, a vergonha, e suicidou-se. Aquele que as autoridades consideraram o principal suspeito da divulgação dos filmes, o ex-namorado, apresentou-se esta quinta-feira às autoridades espanholas, mas acabou por sair sem qualquer medida de coação.

Primeiro pensou-se que o martírio de Verónica tinha durado uma semana, mas afinal terão sido muitos mais dias - a semana passada foi só o intensificar de um ambiente a que ela já não conseguia resistir psicologicamente. E o desfecho foi trágico. No sábado passado, depois das imagens gravadas antes de ter casado chegarem ao conhecimento do marido - algo que tanto temia que acontecesse -, pôs fim à vida.

A morte desta mulher levanta questões importantes como o tipo de consequências violentas que pode ter o uso maldoso das redes sociais. Além das autoridades policiais e judiciais, também a Agência Espanhola de Proteção de Dados está a investigar o que se passou.

Esta quinta-feira, um tribunal de 1ª instância abriu uma investigação prévia por delito de revelação de segredos. O tribunal terá agora de investigar quem enviou os vídeos, quem os partilhou e quantos dispositivos o receberam. Chegaram em primeiro lugar a um grupo de WhatsApp que reúne 20 trabalhadoras - o El Mundo escreve que os conteúdos terão chegado aos ecrãs de 200 smartphones dos companheiros de Verónica na fábrica de automóveis de San Blas-Canillejas, em Madrid.

Ao todo, trabalham na fábrica 2500 pessoas e não é de admirar que as versões sobre os acontecimentos não batam certo. Um dos funcionários, citado pelo espanhol El País, afirma: "A única verdade é que os vídeos correram por alguns telemóveis, não se sabe ao certo em quantos, e que na última semana, sim, houve houve comentários e a história ganhou mais relevo."

O poder das redes sociais
Outro trabalhador, que disse conhecer Verónica de vista, garantiu que as imagens nunca chegaram ao seu telemóvel. "Também não creio que agora, depois do que está a acontecer, haja quem reconheça que teve ou que viu o vídeo."

Mais de uma centena de colegas de trabalho de Verónica realizaram terça e quarta-feira concentrações de pesar em sua homenagem à porta da fábrica. "Acho que as pessoas não estão conscientes do que pode vir a desencadear o que para elas pode parecer uma brincadeira", disse um trabalhador à agência EFE.

O presidente da Fundação Espanhola para a Prevenção do Suicídio também já veio falar sobre o acontecimento: "Estamos muito longe de ser sensíveis ao poder das redes sociais, tão acessíveis como perigosas se forem mais utilizadas, e acabamos por não medir as repercussões individuais destas ações coletivas, que em muitos casos são ilegais.

Sindicato pede acidente de trabalho
O caso envolve também os sindicatos. Segundo a Comisiones Obreras, a direção da fábrica chegou a ter conhecimento do que se estava a passar. Mas terá entendido tratar-se de um assunto pessoal e por isso nada fez. Há, contudo, órgãos de comunicação social espanhóis que dão conta de que o Departamento de Recursos Humanos terá aconselhado a mulher a denunciar o que estava a acontecer, já que podia estar em causa um delito contra a intimidade, mas que ela terá recusado fazê-lo.

Na reunião com a direção da empresa, além da vítima, terão estado presentes dois delegados do sindicato e a responsável pela Igualdade na fábrica, onde trabalham muitos mais homens que mulheres. A Iveco não fez declarações, não comenta nem confirma nenhuma informação.

"Na sexta-feira fomos buscar a trabalhadora, que em momento algum deu consentimento para que o vídeo fosse difundido, mas ela já tinha saído devido a uma ataque de ansiedade", disse Raquel Márquez, advogada do sindicato, citada pelo El País.

Por outro lado, o sindicato quer que a morte de Verónica seja classificado como um acidente de trabalho e que sejam tomadas medidas contra os responsáveis - vai fazer uma queixa na Inspeção do Trabalho com este intuito.

Entre outros preceitos legais, o sindicato diz que ao não fazer nada, a empresa incumpriu em relação à lei de prevenção de riscos laborais, bem como à lei que estabelece a igualdade entre homens e mulheres, já que esteve em causa uma situação de assédio sexual.

A CGT, sindicato onde Verónica estava inscrita, foi mais comedida e recusou alongar-se em comentários, alegando o respeito pela sua memória. Emitiu um comunicado onde pede também que se evite especular até que sejam conhecidas todas as circunstâncias do caso.

De acordo com o EL País, o autor da difusão das imagens, bem como quem as partilhou, não pode ser condenado por sexting - divulgação de vídeos privados sem autorização da pessoas que o integram, mesmo que tenham consentido a sua gravação. Porque, para isso, seria necessária uma denúncia da vítima, que neste caso já morreu.

No entanto, segundo especialistas espanhóis em Direito Penal, é possível que seja investigado como um delito contra a integridade moral. Ou ainda ser investigado como suposto delito de extorsão sexual, sextorsion - ameaça à vítima de divulgar as imagens se não ceder à chantagem. Há também a possibilidade de a família recorrer à justiça para defender a memória da vítima e exigir uma indemnização por danos morais.

Tão culpado é o que divulgou as imagens em primeira mão, como os que fizerem comentários sexistas na presença da moça.

Desgraçada de cultura judaico-cristã que não encara o sexo entre adultos livres como algo natural!!!

O que acho a realçar nesta história é que foi a mulher, e não o ex-namorado, que se sentiu humilhada com a divulgação do vídeo.

Entendo o que queres dizer, e concordo, mas atenção, este tipo de fenómeno de queda na desgraça por causa de exposição da vida sexual não é, nem por sombras, um exclusivo da cultura judaico-cristã.



Creio que,normalmente, são as mulheres a sentir-se humilhadas, vexadas, alvo de troça, chacota e escárnio neste tipo de situações... é sobre elas que recai a vergonha aos olhos da sociedade (ninguém classifica de humilhantes para aquele famoso arquitecto os videos com ele que foram divulgados, nos anos oitenta... já não se pode dizer o mesmo em relação às mulheres que estavam com ele nas cenas... )No caso de relações homossexuais masculinas, por outro lado,costuma ser o agente passivo da história a ser alvo de troça... talvez tenha a ver com o acto e o facto, pleno de símbolo e significado nas nossas mentes e culturas, da penetração, e sua conotação e relação com poder, moralidade e "pureza" de comportamentos. Se, por exemplo, se tratar de um video de uma mulher a sodomizar o namorado com um dildo, a sociedade julga, opina ou faz chacota de uma forma totalmente diferente, e o alvo passará a ser o homem. Se for um video de uma mulher a bater uma pívia a um homem com uma mão, enquanto fala ao telefone ou assiste a sua novela, na óptica das massas, aí também, será humilhante para ele...

Mas neste caso a mulher ter-se-á sentido, mais do que humilhada, destroçada... é inevitável, para mim, pensar no paradoxo de que, enquanto centenas ou milhares de milhões de homens (eu incluído) recorrem à net para ver vídeos de mulheres em relações sexuais, como forma de se excitar, masturbar, fantasiar ou simplesmente passar o tempo, dando com isso um tipo de trabalho sexual muito específico a milhares de mulheres, e, mesmo que apenas indirectamente, muito dinheiro a ganhar a uma enorme e poderosa indústria de video de conteúdo sexual pornográfico (que nos EUA e não só é chamada nesse meio simplesmente de "the industry"), uma funcionária de uma unidade industrial, por ter feito um video sexual caseiro, e aquele de nós que nunca o fez que atire o primeiro estilhaço de punheta, é troçada pelos colegas, vexada, assediada moral e psicologicamente, e induzida a auto-destruir-se. A moral desta história não cabe numa linha de montagem, por muito bem filmada que seja.

Quanto ao ex-namorado, todos são inocentes até prova em contrário, mas se não se conseguir provar que foi outra pessoa a pôr o video na net, será sempre ele o principal suspeito. E, mesmo aparecendo provas de que foi outra pessoa, vai estar sempre associado, talvez não de uma forma humilhante, mas com um julgamento implícito de censura e talvez de eterna ameaça, da parte da família e amigos dela, ou da mesma sociedade que vai a correr ver esses vídeos privados caídos na esfera pública, e que muitos querem partilhar e alguns até troçar das pessoas envolvidas, e se forem conhecidas, do público ou da sua esfera de relações privadas ou profissionais, melhor ainda.

O ex-namorado não vai ter uma vida muito descansada, a partir de agora... se não foi ele, a pessoa que colocou o video na net também não... dezenas ou centenas de colegas de trabalho vão ter segundos pensamentos cada vez que virem um video sexual... e muito debate sobre restrições e responsabilizações virá na sequência... quem sabe até alteração à legislação e disposições legais consequentes...

E, se me permitem um desabafo pessoal, neste momento sinto-me um pouco, se não "humilhado" e "culpado", também, pelo menos comovido... só de pensar que poderia até estar no lugar do ex-namorado da Verónica, se ele for inocente de publicar o video... só de pensar na quantidade de Verónicas que neste momento se estão a lembrar dos vídeos que fizeram e que não estão seguras de serem rigorosamente inacessíveis a quem não deve vê-los... no marido, nos filhos, nos pais, nos irmãos, nos amigos da Verónica, que têm um inimigo sem rosto a partir de agora...

espero que, para além de dois órfãos do desespero, esta história deixe outras sementes... de consciência, de luta contra o preconceito, contra o desrespeito, contra o gozo à conta da desgraça ou humilhação de alguém, contra as vergonhas de pacotilha da filha-da-puta-da-herança-judaico-cristã-e-não-só.

E trouxe esta história aqui para o fórum porque acho que aqui vem muita gente que antes de escrever os seus comentários e descrições deveria reflectir um pouco sobre tudo isto. Nem só de vídeos vive a humilhação e a chacota.

É de uma sociedade onde os homens são encorajados desde novos a serem promiscuos para provarem a sua virilidade, já as mulheres têm de salvaguardar a pureza. É por isso que neste caso, a mulher foi humilhada, e o ex-namorado não sofreu quaisquer consequencias antes dela suicidar-se. Concordo que o homem seria humilhado em situações em que a sua "virilidade" fosse posta em causa, mas não por aparecer no vídeo.

Outro paradoxo que vejo, pelo menos na forma como a história é narrada no artigo, é que

"um vídeo onde aparecia em práticas sexuais gravadas há cinco anos com o ex-namorado passou de telemóvel para telemóvel no seu local de trabalho, uma fábrica de carros, em Madrid. Até que as imagens chegaram ao conhecimento de uma cunhada e depois do próprio marido."
e
"Primeiro pensou-se que o martírio de Verónica tinha durado uma semana, mas afinal terão sido muitos mais dias - a semana passada foi só o intensificar de um ambiente a que ela já não conseguia resistir psicologicamente. E o desfecho foi trágico. No sábado passado, depois das imagens gravadas antes de ter casado chegarem ao conhecimento do marido - algo que tanto temia que acontecesse -, pôs fim à vida."


houve um tempo de pressão social crescente, o que leva a reflectir sobre a evolução do estado psicológico da senhora, e a falta de alternativas de solução para o drama ao rebentar essa bomba na sua vida familiar.
A pressão da humilhação social aqui recai também sobre o marido, na óptica judaico-cristã-etc. , apesar de serem filmagens anteriores ao início do seu casamento. As simples e inocentes imagens de vídeo sexuais de um relacionamento passado de uma mulher casada também a podem largar nas ruas da amargura, e isto na Península Ibérica de 2019. Os tempos mudaram, as tecnologias também, as mentalidades talvez não tanto. Se ela fosse solteira, ou divorciada, seria visto de um modo. Viúva, de outro. Casada, ainda de outro. O marido passa a ser visto, desculpem a expressão, como "cornudo" de efeito retroactivo. E a sua vida passou a ser um inferno.


E reparem como esta notícia coloca a situação, na frase a negrito:

https://amp.elmundo.es/madrid/2019/05/2 ... ssion=true
(nota de passagem: não simpatizo nada com o El Mundo)

En un principio se indicó que ella misma había mandado el vídeo por error a un grupo de WhatsApp. Sin embargo, la última versión de los hechos es que el vídeo lo compartió hace más de cinco años con una persona de la empresa con la que tuvo una relación sentimental. Ese noviazgo acabó y Verónica se casó y tuvo a sus dos niños. Ese ex amante se encaprichó hace poco con ella y quería de nuevo volver con Verónica. La mujer se negó y este hombre fue el que, según sospecha la empresa, la chantajeó con difundir el vídeo que le mandó hace tiempo, amenaza que llegó a cumplir.

El vídeo llegó al marido de la víctima, que sufrió una crisis de ansiedad. La mujer pidió perdón a su marido tras destaparse los hechos. Los propios compañeros de Verónica comentaban entre ellos, que debido a las presiones que la víctima estaba sufriendo por la difusión del vídeo acabaría abandonando el trabajo. El viernes, Verónica abandonó su puesto de trabajo antes de terminar su jornada laboral y, un día después, se ahorcó.

La mujer acudió a hablar de la situación a Recursos Humanos de la empresa, que le dijo que denunciase los hechos, pero ella no quiso dar ese paso.(...)

Enfim, somos (uma parte muito significativa da Humanidade) uma cambada de mal fodidos que adora infernizar a vida dos outros, já que a deles próprios é uma banhada!

Betas.

São sim senhor.

É irónico como há tanta "kardashian" a querer, tentar e conseguir ficar famosa expondo os seus videos online e muitas não conseguem. triste ironia...

Este caso, não sendo o primeiro e infelizmente não será o último, relembra-me um célebre caso ocorrido aqui no grande Porto de uma míuda que ficou famosa, e não foi pelo nome de flôr exótica com que foi baptizada.

Dizem, que a miúda, "trazendo a desgraça" ao bom nome de família, acabou por não aguentar a vergonha e se terá suicidado mais tarde. Nessa altura eu era mais ou menos da mesma idade desses putos que irresponsavelmente não viam mal nenhum em gravar as brincadeiras de sexo a 2 ou 3 ou mais... e acharam por bem começar a partilhar pelos amigos todos.
Nesse tempo nao havia ainda redes sociais proliferadas como hoje, mas de computador em computador, de telemóvel em telemóvel, a coisa lá foi passando a cada vez mais público à velocidade que os novos telemóveis começavam a trazer leitor de vídeos.

Não sei se o suicídio da miúda se confirma ou não nem é isso que importa.
O que me assusta é a falta de bom senso, de maturidade, de responsabilidade, de visão... mas acima de tudo FALTA de EDUCAÇÃO que o pessoal dos dias de hoje não tem.

Já o meu avô me dizia: quem come calado, come dobrado...

E isso aplica-se tanto á partilha de vídeos / fotos, como á partilha verbal do acto em si e seus intervenientes...

Eu coloco-me sempre no lugar de Pai, tio, irmão, primo, colega, amigo... de uma mulher que tenha a infelicidade de cair "nas bocas do povo" por se ter entregue aos prazeres da carne com um "desbocado" ou pior ainda, com um homem que usará essa situação e a ameaça de partilha um dia mais tarde como vingança...

Por isso mesmo, advogo que sejam criadas lei pesadas (pesadíssimas) contra quem incorrer neste tipo de crimes - porque convenhamos que é mesmo um crime partilhar um vídeo de uma relação sexual consentido sem que o CONSENTIMENTO para a partilha não exista.

Se algum dia um pulha / ou uma pulha dessas, COMPROVADAMENTE e sem sombra de dúvidas, colocar alguém dos que nos são mais próximos numa situação destas exposta nas "internetes" deste mundo, ai eu prometo que a justiça chegará pesada... e não tardará... Seja ela pela via judicial, ou popular. E aí sim, os restantes começarão a ter mais cuidado e mais honradez na hora de foder e gravar.

Caríssimo, não duvido das suas boas intenções, mas peço-lhe que releia as suas palavras...devo dizer que essa maneira de pensar, ou melhor, de expressar o sentimento, prometendo justiça pesada e popular aos comprovadamente (ou presumivelmente...) culpados, seja do que for, me assusta mais do que o fenómeno de reenviar e espalhar vídeos via whatsapp... o apelo a justiça popular anda de braço dado com o julgamento sumário, público e sem direito a vozes de defesa...não é por aí. A sociedade teve que percorrer um longo caminho até sair dessa fase...

Quanto ao caso em questão, numa leitura mais atenta de um dos artigos li que o video foi mandado pela mulher ao namorado, e é um video dela sozinha, provavelmente a provocá-lo com poses sensuais e movimentos sexuais. Foi feito e mandado há mais de cinco anos, a relação dela depois acabou, começou outra, com um homem com quem casou e teve dois filhos, e o video reapareceu há pouco tempo. O ex-namorado foi ouvido pela polícia mas não foi preso. A investigação pode chegar até ele, a outra pessoa, ou a ninguém. Mas se forem pela via da justiça popular não é difícil de presumir o que acontece... e não está comprovada a culpa de ninguém, para já... mas os julgamentos populares não são conhecidos por serem calmos, equilibrados, investigativos e ponderados.

O fenómeno das redes sociais e dos seus movimentos, julgamentos e manipulação de pensamentos é justamente o mais importante do que está em causa, aqui. Essa mulher suicidou-se por saber que no julgamento popular já tinha sido condenada, a passar vergonha pelo resto da vida... E a vergonha não está no que ela fez, mas na forma com que os olhos da sociedade, colegas , família e desconhecidos, viram o que ela fez. O que ela fez não foi nada demais, a condenação surda e em surdina da mentalidade dominante é que inundou de vergonha a sua vida, como poderá também, ao pretender ser justiceira, cometer injustiças com mais alguém.

Essa mentalidade dominante também anda por aqui, na forma como muitos homens se referem a mulheres, gp's ou não. E todos nós devemos ter mais cuidado na hora de gravar palavras e ideias nestas páginas virtuais.

É a minha opinião, com todo o respeito por quem não a partilha. Só não a julguem apressadamente, como tudo o que acontece nas redes sociais.

Don Corleone.

Por isso é que eu tive o cuidado de escrever - COMPROVADAMENTE e sem sombra de dúvidas. Eu sei bem como se comportam e a capacidade de julgamento das multidões enraivecidas. nunca há julgamentos justos junto das turbas.

Todos nós sabemos o quão fácil pode ser para alguém com alguns conhecimentos informáticos, "hackear" informações privadas guardadas no mais secreto recanto dos nossos telemóveis e computadores.
Temos como exemplo, entre tantos outros, o famoso caso "the Fappening" onde dezenas, centenas de celebridades viram a sua intimidade, vertida nas redes sociais sem qualquer dificuldade.

Quanto á justiça popular, por muito cega e condenável que seja, é muitas vezes a única forma de castigar "em tempo útil" quem se sente protegido pelo lento e brando sistema judicial português.

Tive conhecimento há uns anos atrás de um caso onde "alegadamente" um homem nos seus "entas" aliciou, seduziu com presentes e após muito assédio acabou por lograr os seus intentos sexuais junto de uma menor da zona. Denuncia feita junto da família, foi averiguada a veracidade dos factos relatados e confrontado pela família o acusado assumiu ser verdade mas com a defesa de que a menor teria consentido.

Ora, idiota ao ponto de achar que por ter sido consentido, achou também que não teria mal nenhum cometer um crimezito de pedofilia... e ficou por provar se o crime de violação também coisa pouca.

Relata a história que dias mais tarde o homem deu entrada nas urgências do Hospital da Zona com um objecto grande parcialmente enfiado no traseiro por desconhecidos... diz que lhe estava a doer ...
Lá está a justiça popular a funcionar parcialmente... que se saiba não voltou a importunar menores ou outro tipo de jovens em situação idêntica.

Lamentavelmente, tempos mais tarde acabou por cometer um homicídio e foi devidamente condenado a prisão.
A Justiça popular falhou.... os desconhecidos deviam ter enfiado o objecto mais fundo.

Por outro lado, voltando ao tema em questão, tenho comigo a crença de que a "humilhação" pela qual a mulher passou, não é... não pode, não deveria ser suficiente paara originar um suicídio deixando para trás uma família com filhos incluidos em sofrimento.

Acredito que tanto quem comete suicídio, como quem comete outro tipo de crimes causados por disturbios mentais, já traz consigo qualquer desordem adormecida do foro psicológico, que depois é despoletada por uma qualquer situação de stress grave como é o caso.

A justiça popular é daquelas coisas que parecem que fazem sentido, mas depois quando postas na prática, levam a abusos e violência, envolvendo até pessoas inocentes. Por isso é que as nossas sociedades evoluíram para estados de direito. Isso não quer dizer que se alguém fizesse mal a minha filha, que não haveria de actuar, mas ao menos aceitaria que estaria a infringir a Lei e teria de sofrer as consequencias disso se fosse apanhado.

Mesmo que o namorado fosse culpado, qual é o castigo "popular" que seria apropriado? Acabou de insinuar que a mulher pudesse ter "desordens do foro psicológico".

Pessoalmente, não vejo que o problema seja as redes sociais. Não é um problema novo. É a velha mentalidade que uma mulher não pode ser um ser com necessidades sexuais. Mais uma vez, isso aconteceu antes do seu casamento. Não entendo pois porque é que o marido ficou ansioso com a notícia e a mulher teve de lhe pedir desculpas. Pelo que percebi isso aconteceu perto de Madrid e não no Paquistão.

é triste mas até prova em contrário ela fez o video por sua espontanea vontade. é a mesma coisa que eu ir às GPs, saber que existem riscos, de doenças , de ser exposto, e faze-lo à mesma, e depois quando acontece alguma coisa má suicidar-me. é uma opção pessoal.

existem leis que proibem partilhas de conteudo privado (por exemplo violação da correspondencia) e devassa da vida privada, o direito à imagem e privacidade, entre outras coisas. não sei como estão a ser aplicadas, mas a lei não se deve misturar com o sensacionalismo e opiniões do povo.

é a mesma coisa que os incendios, sim, são maus afetam muita gente e causam muita comoção na sociedade, mas não quer dizer que se possa pegar num incendiário espeta-lo num pau e queima-lo. estamos num estado de direito, existem leis, e questões penais devem ser tratadas pelos tribunais seguindo as leis.

Queimar um incendiário é praticamente uma redundância.