Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
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R Salvatore
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Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
Confrade Freddo, consigo perfeitamente entender e aceitar o seu argumento de que , se ninguem pagasse impostos , estariamos de facto muito mal. Contudo , neste caso especifico , acho que , seria contraproducente a criação de medidas e leis que o regulamentassem. Eu só vi a parte monetaria como cliente , mas como profissionais que conhecem o outro lado da questão , tanto a menina Sarah como a nenina Mianna apresentaram argumentos de peso contra essa situação.
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14 Dez 2017 |
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SpongeBob
Registado: 17 Nov 2008 Mensagens: 9962
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
Tony Areias Escreveu: Legalizar esta profissão não é bom para ninguém pois ninguém quer pagar impostos, taxas e taxinhas.
Alem disso, com a legalização, facilmente abririam consultoras do sexo onde as meninas seria bem exploradas e os clientes iriam pagar bem. Mas muitas meninas já são bem exploradas.
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14 Dez 2017 |
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Miana Mello
Registado: 01 Ago 2008 Mensagens: 708
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
SpongeBob Escreveu: As coisas demoram a mudar, é um facto, e em Portugal há coisas importantes que demoram mesmo muito a mudar ou não mudam de todo. É sina, é fado, não sei, mas se pensarmos um pouco a única coisa que não muda são as pessoas. De qualquer forma, nos termos que correm, é difícil conceber que haja atividades que não são regulamentadas.
Bem sei que tendemos a falar no peso do Estado, no monstro, e em muitas coisas mais, mas não podemos esquecer que o peso do estado vem acompanhado por serviços de saúde, educação, segurança e administraÉção da nação - e tudo isto não é pouco.
Podemos recorrer a um mecânico a quem não pedimos fatura, tal como podemos fazer o mesmo com o restaurante, o barbeiro, o carpinteiro, o vidraceiro, o médico e a acompanhante, só que todas estas atividades - menos a última - estão regulamentadas e isso faz toda a diferença.
Vivemos no Séc. XXI, num país do primeiro mundo, os tempos do estado hobbesiano já lá vão e as coisas são muito melhores agora. É por isso que vamos ter a prestação de serviços sexuais regulamentada um dia destes. E depois virão as acompanhantes certificadas ISO 9015:2015 e mais cenas que não conseguimos nem imaginar. As coisas têm um contexto. O contexto aqui em causa trata uma sociedade profundamente judaico-cristã, onde alugar a patareca é pecado e estigma, independentemente dos motivos que conduzam a isso (porque se gosta, porque se precisa, porque não se têm outra alternativa, etc.). Concordo que as coisas mudam - a questão é a velocidade a que mudam! Se calhar, daqui a 100 anos, já tudo isto é normalíssimo e avancemos então para as certificações ISO A regulamentação, segundo me parece, assenta em métricas. Estabelecer métricas neste contexto é brutalmente complicado, pela inmesurabilidade dos parâmetros abstratos envolvidos. Claro que podemos medir a qualidade de um lençol, de uma casa de banho, de um preservativo ou lubrificante. Medir - infalívelmente - a qualidade do atendimento prestado já é outra conversa. Basta olhar para os tópicos de TDs para perceber isso. Bem sei que, exceptuando nas Ciências Exatas, tudo é relativo. Posso gostar mais ou menos de um restaurante, cabeleireiro, canalizador, etc. A questão é que a opinião sobre fulano ou sicrano prestador de serviços A ou B é publica e escrutinável facilmente. No caso das atividades ligadas ao sexo/sensualidade, nem por isso. Num mundo ideal ninguém teria fome, seria pobre ou doente, e viveríamos na paz dos anjos. Acontece que não vivemos num mundo ideal. Numa nota mais pessoal: eu fui mãe adolescente, não quis deixar de investir na minha formação e o caminho que me foi apontado - indiretamente - pelo atual modelo de Estado Social foi este. Porque como nunca menti nas minhas declarações nunca tive nenhum tipo de apoio (mesmo declarando que o meu agregado familiar - na altura composto por 2 adultos, uma adolescente e um bebé - ganhava 800€ por mês). Hoje, passam-se 12 anos dessa data, tenho um problema crónico e relativamente complicado de saúde que, mais uma vez, foi infinitamente agravado pela beleza que é o SNS, e que só começou a ser tratado decentemente quando passei a ser acompanhada no privado. Se pago impostos? Infelizmente, alguns, mas o menos possível. Se os meus filhos fossem decentemente acompanhados em escolas e médicos públicos, e se não tivesse de "largar" cerca de 500 a 1000€ por mês em cuidados de saúde de que necessito, se calhar pagaria alegremente muito mais do que pago. Resumindo: ainda que, num mundo ideal, não houvesse qualquer carga social e moral associada ao facto de se ser acompanhante, duvido seriamente que alguém que pode exercer a sua atividade "debaixo do pano" optasse por não o fazer. É uma questão de custo/benefício, neste país e no atual contexto.
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14 Dez 2017 |
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Tinoni
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
Miana Mello Escreveu: duvido seriamente que alguém que pode exercer a sua atividade "debaixo do pano" optasse por não o fazer. É uma questão de custo/benefício, neste país e no atual contexto. Absolutamente de acordo.... no entanto... a "legalização"/regulamentação da actividade - que tem todos os problemas que apontaste - seria uma das formas de, via "água mole em pedra dura", acelerar um bocadinho (não muito, eu sei) a transformação da sociedade profundamente judaico-cristã, onde alugar a patareca é pecado e estigma. E convém não esquecer que também, ao separar claramente, em preto e branco, a actual zona cinzenta, poderia contribuir para reforçar o combate aos casos de tráfico/exploração selvagem que, esses, deveriam ser exemplarmente punidos.
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14 Dez 2017 |
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JonnyBigode
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
Concordo com a Miana. O tuga paga impostos de mais para os serviços públicos (e qualidade dos mesmos) que são oferecidos. Quem ganha (e declara) em Portugal o equivalente a um ordenado médio na Alemanha é completamente depenado, ou seja, em IRS e SS fica lá mais de metade. Nos impostos sobre as empresas acontece o mesmo. Até imposto sobre lucros futuros há! What a fuck!!! Vão roubar para a estrada!!!!!!! Sim, porque não passa uma semana que não se saiba de casos de dinheiros públicos mal geridos. Já para não falar no enviesamento das leis que protegem em demasia os "encostados" do Estado. E é precisamente aqui que está o ponto! Ai daquele(a) que for para a vida politica com ideias de moralizar a cena. É logo cilindrado(a)!!!
Quanto à temática do tópico, deixai estar assim. As moças se quiserem mesmo pagar impostos e SS, como já foi dito acima, podem. Portanto...
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14 Dez 2017 |
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Tinoni
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
JonnyBigode Escreveu: não passa uma semana que não se saiba de casos de dinheiros públicos mal geridos. Já para não falar no enviesamento das leis que protegem em demasia os "encostados" do Estado. E é precisamente aqui que está o ponto! Ai daquele(a) que for para a vida politica com ideias de moralizar a cena. É logo cilindrado(a)!!! Verdadíssima. Mas... tanto os "dinheiros públicos mal geridos" como os "encostados ao Estado", vêm sendo sistematicamente identificados e denunciados. Não tenho grandes ilusões acerca de enormes mudanças rápidas nessa matéria. Mas a atitude "deixai estar assim" é que não leva a lado nenhum (bom). Neste caso como em todos os outros.
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14 Dez 2017 |
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SpongeBob
Registado: 17 Nov 2008 Mensagens: 9962
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
Miana Mello Escreveu: Resumindo: ainda que, num mundo ideal, não houvesse qualquer carga social e moral associada ao facto de se ser acompanhante, duvido seriamente que alguém que pode exercer a sua atividade "debaixo do pano" optasse por não o fazer. É uma questão de custo/benefício, neste país e no atual contexto. Certíssimo, mas o facto é que o contexto e a forma como as relações se processam entre cliente e acompanhante vão evoluindo de ano para ano - e cada vez mais é conferida uma dignidade ao trabalho sexual que antes não existia. As diferenças são colossais nesta matéria. Cada mudança que se faça no ordenamento da regulamentação de uma atividade é prontamente absorvida pela sociedade. Veja-se o caso da das mudanças na IVG. Houve manifestações contra, movimentações, escândalo, gritaria; o certo é que a regulamentação entrou em vigor e as pessoas começaram a recorrer ao SNS para fazer a IVG, enquanto as pessoas que se movimentaram, inquietaram e manifestaram voltara à sua vidinha e estão tranquilas. Se a atividade de prestação de serviços sexuais for regulamentada, com a pessoa a fazer descontos e pagar impostos por uma verba de referência, ganhando o acesso a proteção social e uma reforma mais tarde, sem faturas, IVA, etc, porque razão não vão as pessoas aderir? Sobretudo se as taxas forem muito interessantes, como é o caso dos desportistas. O primeiro passo para uma mudança se concretizar é considerarmos que ela é possível.
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14 Dez 2017 |
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Tinoni
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
SpongeBob Escreveu: cada vez mais é conferida uma dignidade ao trabalho sexual que antes não existia. As diferenças são colossais nesta matéria. Aqui, quer parecer-me que estás a ver demasiado a realidade através das tuas próprias lentes. Era muito bom que fosse assim. Mas tenho muito poucas dúvidas de que mesmo que - sejamos optimistas - 30% declarassem que, "sim, o trabalho sexual é respeitável", lá no fundo, acreditassem mesmo nisso. Tal como - chamem-me totó a ver se eu me ralo... - eu acho.
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14 Dez 2017 |
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SpongeBob
Registado: 17 Nov 2008 Mensagens: 9962
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
Tens toda a razão, mas eu também tenho. O atraso da nossa sociedade é enorme, é um facto, mas há vinte anos atrás era muitíssimo maior. Uma coisa é o estado das coisas, outra é a mudança que se vai vendo. Falas da primeira enquanto eu falo da segunda. Também estás certo ao falar da realidade vista pelo nossos olhos. Muitas vezes a nossa tendência é achar que as outras pessoas vêm o mundo como nós, sem colocar um grande fator de correção.
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14 Dez 2017 |
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Miana Mello
Registado: 01 Ago 2008 Mensagens: 708
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
Tinoni Escreveu: Miana Mello Escreveu: duvido seriamente que alguém que pode exercer a sua atividade "debaixo do pano" optasse por não o fazer. É uma questão de custo/benefício, neste país e no atual contexto. Absolutamente de acordo.... no entanto... a "legalização"/regulamentação da actividade - que tem todos os problemas que apontaste - seria uma das formas de, via "água mole em pedra dura", acelerar um bocadinho (não muito, eu sei) a transformação da sociedade profundamente judaico-cristã, onde alugar a patareca é pecado e estigma. E convém não esquecer que também, ao separar claramente, em preto e branco, a actual zona cinzenta, poderia contribuir para reforçar o combate aos casos de tráfico/exploração selvagem que, esses, deveriam ser exemplarmente punidos. Tinoni, acho que acabei por me expressar mal (o meu lado racional e brutalmente pessimista tende a criar um problema para cada solução)... Eu não tenho absolutamente nada contra a "legalização"/regulamentação da actividade. Mesmo! Só acho que não será nunca o world of wonder que se tende a vender...
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14 Dez 2017 |
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Miana Mello
Registado: 01 Ago 2008 Mensagens: 708
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
SpongeBob Escreveu: Miana Mello Escreveu: Se a atividade de prestação de serviços sexuais for regulamentada, com a pessoa a fazer descontos e pagar impostos por uma verba de referência, ganhando o acesso a proteção social e uma reforma mais tarde, sem faturas, IVA, etc, porque razão não vão as pessoas aderir? Sobretudo se as taxas forem muito interessantes, como é o caso dos desportistas. Porque existe uma diferença substancial entre ficar registado na minha ficha de contribuinte, no meu registo bancário, etc., que sou desportista... ou put*. Por todos os motivos e mais um...
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14 Dez 2017 |
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Tinoni
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
NUNCA te deixes ficar registada como desportista!!!
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14 Dez 2017 |
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Miana Mello
Registado: 01 Ago 2008 Mensagens: 708
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
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14 Dez 2017 |
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JonnyBigode
Registado: 06 Mai 2009 Mensagens: 1643 Localização: Peraiqeujavenho
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
Tal como se diz acima, se a regulamentação da actividade tiver como ponto central conferir dignidade ao trabalho sexual, eu "assino já". A questão é que duvide-o-dó. A preocupação destes políticos é arranjar guito para contentar as suas clientelas que no final do dia os elegem. Esta actividade faz girar muitos €€€ directa e indirectamente. Ora isso a 23%, mais SS, mais IRS, mais umas taxinhas dá a módica quantia de... Como dizia o outro que está na ONU, "É só fazer as contas".
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15 Dez 2017 |
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Loving Joanna
Registado: 29 Set 2016 Mensagens: 604 Localização: Lisboa
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Re: Trabalho sexual, políticas e direitos humanos
Muito rapidamente e sem me alongar... O post já tem uns meses e, neste momento, acrescentaria alguns pormenores. Jamais me increveria nas finanças como trabalhadora sexual, jamais pediria o número de contribuinte de um cliente, assim como não daria o meu. Infelizmente, também preciso de recorrer aos sns com bastante regularidade e as experiências que tenho tido variam entre o excelente e o directa ao livro de reclamações. Portugal é um país corrupto. E, infelizmente, se for aprovada legislação para regular o trabalho sexual, duvido que o enfoque seja na protecção das mulheres. Vão estar muito mais preocupados com a economia paralela do que com questões humanas. https://lovingjoanna.blogspot.pt/2017/0 ... e.html?m=1
_________________ Segunda a sexta entre as 10h30 e as 18h30. Lisboa www.lovingjoannna.blogspot.pt
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15 Dez 2017 |
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