Matic Escreveu:
Sei bem que isso é apregoado por muitos fóruns (que não leio), como sendo a forma de manter os ativos elevados, combatendo as depreciações.
Não sei onde é que isso é apregoado.
O que sei é que é uma tendência que foi detectada nestes últimos anos. Tem existido uma padrão, e por isso consegue-se melhor prever o que irá acontecer. Mas eles até podem virar a agulha dum momento para o outro, e partirem noutra direcção.
Obviamente a obrigação não existe. Não é imposta por outras entidades. Com excepção talvez de alguns critérios do fair play financeiro, mas acho que nem isso seria um problema. Mas percebe-se que até agora foi algo auto-imposto pela direcção. Uma decisão interna.
No meu entender tem alguma lógica.
O que tem acontecido é algo do tipo 20% de investimentos em equipamentos e infraestruturas, e 80% no plantel.
Ora, a parte dos equipamentos e infraestruturas acho que tem lógica para qualquer um. É uma questão de modernização, de manutenção do bom estado de equipamentos e edifícios, e de melhoramento das condições dadas a atletas e publico/clientes.
A parte do plantel, eu pessoalmente acho uma boa medida.
Imaginemos que não se investe na mesma medida que as amortizações, durante algum tempo. Não é o mesmo que numa fábrica.
Numa fábrica, depois de tudo amortizado, os edifícios continuam em pé, e as máquinas provavelmente a funcionar, talvez com alguns custos acrescidos de manutenção. Continua a ser possível produzir sem grandes problemas.
Num clube de futebol, quando se atinge o ponto em que o plantel já está todo amortizado, isso pura e simplesmente significa que o clube está com as calças na mão, pois os contratos estão todos no fim. As amortizações do plantel são calculadas com base nos anos de contrato de cada jogador. Quando o seu valor contabilístico se aproxima do zero, é o momento em que os jogadores podem ir embora para onde quiserem, sem que o o clube possa fazer seja o que for quanto a isso. Portanto, quando a direcção se obriga a si própria a manter o valor contabilístico do plantel sempre mais ou menos inalterado, o que está a fazer é a implementar uma medida de auto-prevenção, que permite evitar com maior facilidade que os jogadores se vão embora sem que o clube seja ressarcido por isso, ou que isso aconteça em condições desvantajosas. Como já aconteceu com alguns casos.
Basicamente, o que direcção tenta fazer é que ou exista renovações de contratos (o que aumenta o activo), ou (caso não seja possível ou desejável) que se pense atempadamente na substituição do jogador, vendendo-o e comprando outro para o seu lugar. E não fazem isto (em relação aos jogadores) tendo apenas em atenção o aspecto "emocional" e/ou desportivo, mas também tendo em conta o aspecto contabilístico. O que me parece prudente.
Obviamente que devem existir outros factores em consideração. Há provavelmente até vantagens que desconhecemos na manutenção do valor elevado de activos. Algumas podemos imaginar, mas pouco mais que isso, pois não são reveladas publicamente.
Eu pessoalmente acho que também existe uma componente de investimento por motivos especulativos. Algo parecido ao que os fundos faziam. E faziam porque existia uma oportunidade de mercado. Não era porque achavam engraçado. Ora, os fundos já não podem fazer isso, pelo menos de forma directa (mas podem comprar clubes). Isto é, desapareceu uma parte da "concorrência" neste tipo de negócio. O que abriu uma oportunidade para o Benfica. E para poucos mais (algo que poderei analisar por aqui um dia destes).
De qualquer forma, com a excepção de algumas vendas/compras que foram realizadas com valores que não pareceram exactamente o valor real de mercado, parece-me que o Benfica, no que toca a critérios contabilísticos, sempre que está perante 2 ou mais formas possíveis de avaliação ou contabilização, tem optado sempre por aquela que é a mais prudente. Se analisares bem os R&C isso fica bem evidente, e há diversos casos em que o clube opta por critérios em que o valor contabilizado até acaba por ser menor do que aquele que achamos que poderá ser o valor mais próximo do valor "real". Isto é, parece-me que o clube e SAD até tem optado por esconder um pouco os trunfos, mantendo até contabilisticamente uma imagem mais frágil do que o estado real. Mas as terceiras entidades que têm de olhar para as contas do Benfica, antes de serem estabelecidas parcerias ou outras relações de negócio, aposto que olham com atenção e agrado para esse factor. Elas não olham para as contas como olha o Correio da Manhã, que só está à procura de algo que possibilite um título de notícia jeitoso.
De qualquer forma, não me parece muito importante. A referência era um mera introdução à parte das compras/vendas e entradas/saídas do plantel. Mas também um "alerta" para os leitores, de que estas decisões não são tomadas exclusivamente com base em critérios desportivos.
Isso é o que fazem os clubes mais pequenos, que compram e vendem só consoante as necessidades do plantel e a necessidade de manter as contas minimamente equilibradas no presente.
![[bigsmile]](./images/smilies/snork_lach.gif "hehehe")
mas estive com pouca disponibilidade de cá vir.
