Tomei conhecimento hoje de manhã, que outra cagadela do mundo financeiro anda a pairar em cima de mim, enquanto ouvia a TSF acerca do pagamento de quase €6 mM que a Républica Portuguesa vai fazer hoje para amortizar a dívida.

A PIMCO, uma empresa que é a maior gestora mundial de fundos de obrigações, refere em nota de research a quem quiser ouvir, que Portugal está pior do que a Grécia em termos de previsibilidade como país em ajustamento. Num passado recente, esta parola desta empresa já havia andado a dar bitaites sem sentido algum acerca da Tugolândia, voltando novamente nesta insistência de merda, numa altura em que se começa a desenhar condições para que o juro no longo prazo desça dos inviáveis 7%.

Ora, como é possível concluir-se por este comparativo sem levar na corneta? Com que finalidade? Tal afirmação só se justifica se nunca analisou a eficiência da máquina tributária de um país como Portugal (máquina de rapina) em comparação com a da Grécia (pintainho que praticamente acabou de sair do ovo).

É provável que esta nova alarvidade tenha a ver com um investimento que lhes saiu para o torto na OGX Petróleo, e que agora alguém tem que o pagar... o mundo das finanças, continua auspicioso.

Confrade gpgrelo

então num país onde o PM e a alternativa de PM passam o tempo a falar de um 2º resgate como eminente, acha que os credores internacionais ficam indiferentes ?

enquanto dermos estes Passos Seguros em direcção ao abismo, os investidores internacionais em dívida soberana devem fechar os olhos ?

ou na sua opinião os directores da PIMCO são incompetentes e malandros ?

desde 1 de Julho (demissão de Gaspar) que olham para nós como uns garotos irresponsáveis e tontos ...
nós que estamos cá em baixo e que lutamos todos dias por um futuro melhor devíamos estar perplexos e indignados com o espectáculo público destes garotos, e que de forma nenhuma orgulha, prestigia e defende os interesses de Portugal ...

mais uma vez a culpa é nossa não é dos outros ...

kwacha escreveu :

mais uma vez a culpa é nossa não é dos outros ...

claro que sim ... com políticos dos " morangos com acúcar " só temos aquilo que merecemos

um contributo adicional à correcta explicação sobre swaps que o confrade Aranha explanou

http://www.gp-pt.net/forum/viewtopic.php?p=715078#p715078

um swap não é um negócio de soma nula, isto é, o que um ganha o outro perde ...

quando bem feitos, normalmente têm saldo positivo para todos os intervenientes ...

em 2012, o IGCP detinha 21 contratos e todos com saldos positivos ...
em 2013, contratou mais 7 contratos, e mais uma vez todos positivos ...

ao contrário da mensagem que os jornais tentam passar que se trata de jogo de casino ou de adivinhação ...
os swaps são instrumentos como tantos outros, que permitem acautelar e planear o futuro próximo ...

Exactamente, alguém paga. Claro que quem emite os contratos muitas vezes protege as duas hipóteses, a da subida e a da descida. Se eu me quero proteger da subida de uma taxa de câmbio, poque vou fazer uma importação, o meu fornecedor pode querer proteger-se da possibilidade da sua descida. O emitente do swap faz contratos com os dois e paga de um lado e recebe do outro - e ganha a sua margem nos dois negócios.

Portugal protegeu-se de uma subida de taxa numa altura em que veio a verificar-se uma descida brutal; agora há que pagar. Esta situação foi absolutamente anormal e aconteceu para nós na pior altura.

Todo este caso foi criado pelo PSD, que, na sua estupidez, acho que ia fazer recair a culpa sobre o PS. Se tivessem sido mais ponderados estariam agora numa situação mais confortável.

Confrade Jolinho

julgo que não entendeu as minhas palavras ...
os contratos de swaps podem ser positivos, ninguém precisa de perder para alguém ganhar ...
mais raro, mas também é possível, todos os intervenientes perderem e ninguém ganhar ...

a este propósito quero aqui deixar um pequeno texto, de emissão periódica pelo Banco de Portugal, que ajuda a percepcionar parte da questão ...

FORMULAÇÃO DE EXPETATIVAS SOBRE TAXAS DE JURO USANDO DERIVADOS FINANCEIROS

http://www.bportugal.pt/pt-PT/EstudosEconomicos/Publicacoes/BoletimEconomico/Publicacoes/Caixa_1.1_p.pdf

Tem o confrade Kwacha razão. Interpretei mal aquilo que escreveu - e aquilo que escrevi tem que ser entendido de uma forma muito genérica, pois o mercado dos swaps é muito mais vasto e complexo e há soluções para muito tipo de riscos e para muito tipo de investidores.

Não estou propriamente de acordo com a tua posição.
É preciso perceber quando estamos perante uma morangada (tipo vou demitir-me e isto é irrevogável), e quando estamos perante um cenário que pode vir a ser uma realiade que merece debate e consciencialização pública.
Mas globalmente compreendo o teu racional.

Sinceramente, o sector financeiro mete-me tanto asco, que por vezes dou por mim a responder de forma talvez demasiado obtusa, gratuita mesmo, e com isso ferir suscetibilidades... quando aqui ninguém tem nada a ganhar com esta discussão.

Felizmente que ainda tenho uma réstia de capacidade para clicar no delete antes de postar

Como já é a 2ª vez, vou retirar-me do tópico.

abraço

não é difícil ... quando o dinheiro não é o nosso ...

agora quando é o nosso dinheiro que pode arder ...
para mim não custa nada ... já dei muitas negas ...
abaixo de uma linha, não há pão para malucos ...




vê o BPI, perdeu 320 dos 400 milhões na Grécia ...

a crise financeira 1.0 não está de todo debelada, mas talvez o principal problema seja a resistência encontrada para resolver pelo menos 3 pontos essenciais:

a) os bancos demasiado grandes
b) os fundos demasiado grandes
c) os activos tóxicos no oriente

a) em 2008, ficou conhecida a expressão "banco demasiado grande para falir"; decorridos 5 anos nada foi feito de concreto para resolver o problema; uma das soluções mais simples de implementar seria a obrigatória divisão entre banca de retalho e banca de investimento; outra solução é obrigar os bancos a rácios de capital progressivos, isto é, activos maiores implicarem rácios maiores (tipo irs);

b) os fundos soberanos e os hedge-funds têm um poderio financeiro avassalador, e a sua lógica de mercado por vezes serve interesses de controlo mais obscuros, pelo que se impõe maior regulação e delimitação da sua livre actuação em mercado aberto;

c) em 2008, entrou no léxico do mais pacato cidadão expressões como subprime, bad banks, activos tóxicos etc; no eixo atlântico assistimos a um processo de identificação, limpeza e acantonamento dos tais tóxicos; a seguir apareceu a factura que foi dada a pagar a contribuintes (a maior parte) e accionistas; porém os jornais e tvs nunca abordaram a questão sobre o problema no oriente; lá também têm activos tóxicos, porém como o ritmo económico ainda se mantém elevado, o sistema financeiro tem conseguido conviver com o problema; mas não tenham dúvidas, se o crescimento abrandar, vai ser como a maré em baixa-mar, vão ficar os calhaus todos à mostra, e também vai sobrar para os europeus ...

estes ingredientes somados a outros mais recentes podem constituir o fermento ideal para a versão 2.0

a) concordo na divisão entre banca a retalho e de investimento, desde que isso seja uma divisão efectiva, ou seja, a banca de retalho não deve ter negócios directos com a banca de investimento com que acabou de se separar, senão acabam por partilhar o risco.
Discordo nos rácios. Julgo que com o problema de empréstimos/liquidez que temos, eles deveriam descer os rácios enquanto durasse a crise. O problema dos bancos nunca foram os rácios, mas sim a qualidade das garantias que exigiam. Estou de acordo com maiores e melhores garantias, mas aumentar o rácio é limitar ainda mais o acesso ao credito. Diminuir os rácios para 7% ou 8% seria uma forma de impulsionar a economia.

b) concordo plenamente e acharia importante, mas acho de difícil execução pois toda a gente procura neste momento angariar para si próprio estes fundos soberanos. É aliás essa a função das inúmeras visitas dos nossos políticos a diversos países com excedentes de capitais. Pode ser que aconteça.

c) isso é um problema real e que vai bater à porta do mundo mais dia menos dia. A China por exemplo está a crescer muito, em parte devido à "lei do betão" em que se constroem cidades inteiras de um dia para o outro, mas que são e serão cidades fantasma. A maioria destas construções foi executada com empréstimos com carência de capital nos primeiros anos, pelo que quando os bancos quiserem receber o seu dinheiro vai haver um rombo monstruoso.

os malandros dos financeiros e dos banqueiros voltam a atacar sobre o povo pobre e indefeso ...
coitadinhos dos portugueses ...

Portugueses investem 1,4 mil milhões em produtos complexos
http://economico.sapo.pt/noticias/portugueses-investem-14-mil-milhoes-em-produtos-complexos_178288.html

Isto é possível porque todos os dias muita gente se levanta da cama disposta a ser enganada. A ganância é tramada e o tuga não consegue entender o que é um produto financeiro complexo. Houve-se "o banco A dá-me uma taxa X" e pronto.

... só não conseguiram enganar o prof. de finanças que escapou ileso ao colapso BPN ...

mas aqui vai uma dica para os confrades que se interessam por estes assuntos subirem um pouco a sua literacia financeira com cursos simples e informação o mais isenta possível

http://www.deco.proteste.pt/investe/

Confrade Aranha

não percebeu o sentido da minha ironia ...

apesar dos perigos e dos alertas, afinal persistem uns largos milhares de portugueses a investir em produtos complexos, e a culpa é de quem ?

da malandrice de quem vende ou da insensatez de quem compra ?

é que para irem às GPs são todos homens mas para jogarem na bolsa são todos adolescentes ...