jolinho

a procura sobre dívida soberana da zona euro tem sido elevada, acima de tudo por 2 razões

- a anunciada compra pelo BCE em mercado secundário até ao montante de 60 mil milhões mensais
- a existência de um diferencial positivo em comparação com outras aplicações usd em prazo e risco

mas a acção do BCE visa obrigar a banca comercial europeia a desfazer-se da dívida pública para emprestar à economia (empresas)

houve um tempo ... em que a banca estava a contrair crédito junto do BCE com colaterais constituídos por títulos de dívida pública

valia a pena ... pediam emprestado ao BCE a 1% ... e davam como colateral títulos de dívida pública que rendiam pelo menos 4%

agora começa a ser tudo diferente ... pedem emprestado a 0,25% ... e a dívida pública está a render ZERO

Quer então dizer que a banca se desfaz da dívida pública e o BCE a compra. E como se financia o BCe para a comprar?

o BCE tem 4 soluções

- fundos próprios (capital social, reservas e lucros)

- emite euros (põe a rotativa a trabalhar)

- emite dívida (coloca dívida própria normalmente em BC terceiros)

- troca activos (vende moeda ou dívida estrangeira, ou vende ouro)

Se emitir dívida não gera inflação? E não desvaloriza o Euro?

depende ... do destino final dos 60 mil milhões mensais ...

o que é que a banca comercial vai fazer com esse dinheiro ?

se o emprestar às famílias europeias ... a resposta é SIM
o reflexo é imediato na inflação pelo acréscimo súbito no consumo

se o emprestar às empresas de bens transacionáveis para financiar investimento e o ciclo de exploração ... a resposta é SIM
o efeito sobre a inflação será lento ... só será palpável com o crescimento económico ... matérias-primas, bens intermédios e bens finais

se o emprestar para outros destinatários ... a resposta é NÃO

sim ...

desde do discurso de tomada de posse do Sr. Draghi, no final de 2013, que o Euro tem baixado face ao dólar (de 1,50 para 1,05)

mas o mais interessante neste caso ... é que a inflação continuou em queda neste período ...

vários factores concorrem para esta SINGULARIDADE, entre os quais a destacar:

externos
- a queda colossal do petróleo
- o ambiente deprimido nas commodities
- o comércio externo da zona euro é largamente excedentário

internos
- o fraco crescimento do PIB EURO
- os fracos níveis de utilização da capacidade instalada em vários sectores industriais

Claro que a teoria do "deixa me imprimir euros para diminuir impacto de uma saida da grecia do euro" tambem nao eh de descartar... Por isso a conversa continua para portugal continua a ser reformas e cortes. O contexto internacional eh muito favoravel agora, mas se portugal nao fizer o seu trabalho e ter validade la fora, ha a hipotese de ser arrastado. Esta eh a logica das instituicoes.

Os riscos de nova intervenção são baixos a curto prazo, pois ao fazer esta reestruturação vai-se reduzindo os períodos de necessidade extrema de capital

Outros serão empresas indústriais?

Existe algum livro interessante sobre esta Macroeconomia dos Estados e sobre a Política Económica Internacional?

estranha teoria

imprimir euros não resolve nenhum impacto financeiro e económico da saída da Grécia do Euro
neste momento o maior problema é imbróglio político que essa possível saída pode gerar na UE

porque sair do Euro ... não implica sair ... da UE ... e mais problemático ainda ... sair da NATO



as mazelas ainda estão cá todas ... as principais : dívida pública elevada, risco de deflação, PIB potencial baixo, desemprego elevado

porque razão é que a dívida pública continua a ser o problema principal e central ?

pelas seguintes razões:

1 - porque o actual nível de endividamento público é "quase insustentável"
2 - porque a política orçamental é o único instrumento de política económica
3 - porque não temos soberania em matéria de política monetária e cambial

é fácil depreender porque todos assinámos o Tratado Orçamental

depois deste passo ... é que é possível tratar do PIB e do Investimento
daí a importância dos Fundos Estruturais 2014 / 20 e do Plano Juncker

mas não é suficiente ... vai ser preciso muito mais até meados de 2016

porque depois ... as taxas vão subir ... o petróleo vai subir ... o Euro vai subir ... etc etc

Isto parece um cenário sem solução

Discordo do ponto 2
Acho que se poderia ser muito mais criativo na política económica

VBV

não ... as empresas industriais fazem parte dos bens transacionáveis

quando falei em outros destinatários ... estava a pensar por exemplo à construção civil, obras públicas, imobiliário, sector financeiro, etc

livros ?

para entender melhor o que se está a passar ... aconselho vivamente a ler os relatórios trimestrais

- do BPI e do BdP
- do BIP (Banco Internacional de Pagamentos) e do BCE (Banco Central Europeu)

Muito obrigado

Mas eu pensei nessas financeiras que falas
tipo Cetelem e a das Marcas de automóveis

E estas também não vão acabar por emprestar às famílias e acabar por aumentar a inflação?

O preco do barril de petroleo influencia quase tudo, porque aparece na extraccao de materias primas, transformacao das mesmas, e transporte dos produtos aos mercados. Ha de ver um ponto em que maior consumo puxe pelo preco do petroleo e materias primas. A questao aqui eh se este novo ciclo de investimento potenciado por taxas de juro baixas vai gerar inovacoes que criem mais um ciclo de crescimento.


A ver se eh desta que surge um carro movido a hidrogenio economicamente viavel de produzir.


O BCE esta a comprar muita divida de paises do euro no mercado secundario aos bancos. Nao vamos chegar ao ponto de ter o BCE dono da divida de Portugal e da Grecia, mas quanto mais tiver, mais segura estas economias. Agora, se conseguissemos convencer os alemaes a fazer mais com o seu excedente comercial...

a resposta é NÃO

porque a compra de dívida por parte do BCE tem limites (julgo que 25% mas não tenho a certeza)



"Analisando o excedente comercial contatamos que do total de 220 mil milhões de euros, 170 mil milhões decorrem do comércio da Alemanha com países fora da zona euro. O superavit comercial da Alemanha com os países parceiros do euro atinge assim um valor na ordem dos 50 mil milhões de euros."
http://www.lissabon.diplo.de/Vertretung/lissabon/pt/07/02-Namensartikeln/2015/na-bo-brandenburg-P-22-2-2015.html