2015 - o contexto internacional
era minha intenção, no domingo ter escrito o que pensava sobre a evolução dos problemas políticos internacionais, e o que poderia influenciar o nosso quotidiano ...
os acontecimentos que ocorreram hoje em Paris, faziam parte da lista de previsões das pessoas mais avisadas ou informadas ... aliás desde Outubro passado que os níveis de alerta tinham subido um pouco por toda a Europa e EUA ... no caso particular da França um pouco antes, desde da sua intervenção militar no Mali e na Republica Centro-Africana ...
o mundo ocidental (Europa + EUA) têm um contencioso secular para resolver com o mundo islâmico em geral (sunitas + xiitas), onde se inserem muitas questões de fundo, e que irá levar algumas gerações a resolver ... além disso, existem outros problemas, estes de curto prazo, entre os quais se encontram a Al-Qaeda e o Estado Islâmico ...
estes acontecimentos no imediato vão gerar mais sarilhos nos dois lados da "barricada" ... em França, hoje a Frente Nacional ganhou mais umas centenas de milhares de votos, por toda a Europa a extrema direita vem reivindicar que tem razão (aliás passou quase despercebida a notícia que nos últimos dez dias foram incendiadas 3 mesquitas na Suécia, um país reconhecido pelos brandos costumes e pelo bom acolhimento aos emigrantes não europeus) ... mas no mundo islâmico também existem comunidades cristãs, que no futuro próximo serão ainda mais perseguidas (basta ver os exemplos recentes no Iraque e na Síria) ...
a conflitualidade vai aumentar ... até porque nós ocidentais vamos ter de ir para o terreno reduzir a ameaça para uma expressão mínima ... é de esperar alguns casos esporádicos de retaliação semelhantes ao de Paris, ataques suicidas ou à bomba ... o alvo primordial serão sempre as potências europeias envolvidas nos conflitos árabes, com o Reino Unido e a França à cabeça ... mas não será de descartar outros países com fortes comunidades islâmicas (como a Espanha, a Itália e a Alemanha), ou ainda países que tenham menor capacidade de controlo antiterrorista, e como não existem fronteiras será fácil escolherem outros alvos (como por exemplo Portugal) !
o outro conflito que irá marcar este ano será a Ucrânia, ou por outras palavras, a Europa e os EUA contra a Rússia ... neste caso será mais visível a fragilidade da União Europeia sem uma política externa comum, e acima de tudo sem forças armadas ... terá de ser a Nato ou seja os Americanos a resolverem a questão ... e aqui as implicações económicas poderão ser muito graves no curto prazo (energia, investimentos, agricultura, etc) ... e se rebentar a bronca vai tocar a todos os portugueses ... estejam certos disso
e estas duas questões, que são cada vez mais decisivas para o nosso bem estar em Portugal, provavelmente não serão discutidas pelos partidos políticos com os portugueses ... seria importante perceber qual é o modelo de integração política e cooperação de segurança que nós pretendemos para o futuro ... em que medida devemos aprofundar os modelos actuais, isto é quais são os nossos objectivos e interesses ...
de uma vez por todas ... os eleitores portugueses deveriam deixar de pensar que isto tudo é um problema dos outros