Jolinho,

Verifico que está bem informado, para fazer este debate, então ao nível dos dirigentes intermédios, nivel 1 e 2 e que exercem no setor publico (ie. diretor de serviços, chefe de divisão e diretor-geral) a diferença com aquilo que se pago no privado (não na tasco do "senhor manel", claro...) é simplesmente abissal.

Matic,

Entendo o contexto, mas essa estória que "...sou que pago.." é, digamos, interessante. Pois eu também sou um "...dos que paga..." e não partilho dessa visão.

Hoje vi e ouvi um cigano (mas podia ser outro qualquer cidadão) que, na Loja do Cidadão das Laranjeiras, (LDC) exigia, irado e escandalizado, ao funcionário dos Registos e Notariado que, atendia um senhor idoso, trabalhasse mais depressa, pois estava a "...pagar-lhe o ordenado...". E fiquei a pensar sobre isto. Com que "direito" aquele cidadão, à frente de dezenas de pessoas, "puxou as orelhas" àquele funcionário do IRN? E qual a sua legitimidade?

Façamos um pequeno exercício: considerando que todos os contribuintes são, nessa prespectiva, accionistas da "função pública", qual seria a nossa representatividade numa Assembleia Geral? 0,000000000000001, por aí...

Eu, enquanto, titular de uma participação (ações) microscópica, da EDP, numa assembleia geral de accionista, nada ou pouco posso fazer, para reclamar do pornográfico salário do Mexia... Aliás a minha participação, em termos percentuais, no capital da EDP, nem daria para pagar uma infíma parte de after-shave que o Mexia usa diáriamente.

Então, quando se diz que "...sou eu que pago...", pergunta-se: Mas pagamos o quê? O grão de açucar do café da manhã? O papel de embrulho que envolve a manteiga das entradas do almoço? Uma meia-folha papel higiénico do wc? Porque de facto, em proporção à nossa representatividade, por via dos impostos que pagamos, (uns mais outros menos, outros nem pagam...), é o que valemos.

Eu também paguei e (pago) a intervenção na banca, mas considero que não tenho o "topete" de estando numa fila num Banco dizer, "Ephá, andem lá com essa merda pois sou eu que vos pago...". Mas seria legítimo? Concerteza. Mas seria uma simples bravata, inócua, que apenas legitima o nosso direito à indignação, mas puramente pífia.

O que pretendo dizer, é que temos que ter a noção da nossa representatividade. Pagamos sim e todos, mas "bater com a mão no peito", e "à patrão", gritar, "...vão trabalhar...", porque sou eu que vos pago, é, no mínimo, desporpocional.

Sim, mas num serviço público de monopólio não se pode mudar de fornecedor. Daí que o "eu pago os v/ordenados" é frustração por não poder mudar de fornecedor, ou por exemplo no caso da saúde, não ter rendimentos para outro fornecedor.

O outro factor de frustração é sempre ter outro lado para estar e coisas a fazer, mas isso é digressão a mais.

estou de acordo com o texto do dicksteel sobre "sou eu que pago"


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sobre o assunto das remunerações no sector público

um dos maiores problemas do regime lusitano ... sempre foi ... o truque

aliás ... nunca nenhum jornalista ou deputado da oposição (fosse ela qual fosse) ... fez a seguinte pergunta

se o número de funcionários públicos baixa e a tabela de vencimentos está congelada ... porque raio a despesa sobe ?

é simples ... foi com truques ... diferentes dos os privados usam para fintar o irs ... mas sempre com muita imaginação

e os truques maiores foi na desorçamentação generalizada em toda a administração ... seja central, regional e local

infelizmente ... teve que vir a troika ... para o carnaval ser reduzido a um mínimo


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sobre o assunto do horário de trabalho

não entendo a distinção entre público e privado, bem como, o regime das 35h

a meu ver, o que se seria correcto, é um regime geral para todos os trabalhadores de 40h semanais

como qualquer regra geral ... deve haver excepções ... e sempre como uma "descriminação positiva"

Dicksteel,

Eu como com contribuinte decido através do meu voto e da minha opinião. Eu posso opiniar e nesse contexto tenho a mesma representatividade que tu, que o Mexia ou que o cigano.

Acredito que o estado funciona como árbitro de uma economia de mercado acente na produtividade e no mérito. Isto seria o meu ideal.

O estado tem de dar o exemplo, até porque cada vez me pede mais dinheiro para pagar as suas despesas. Os impostos são elevados demais, por isso sim, sou eu que pago o estado e as suas funções, as quais penso que não deveriam ser metade do que são.

Quanto ás 35 horas, mantenho. Acho um absurdo pois o estado continua a cobrar-me demasiados impostos e agora quer gastar mais dinheiro para que as pessoas do estado trabalhem menos horas que aquilo que está consagrado na lei geral do trabalho, ou seja, as 40 horas. Não vejo justificação nenhuma para isto, nenhuma.

Não vou ser politicamente correto e escrever umas frases feitas para parecer estadista, digo aquilo que penso, vejo e sinto.

Lá diz o ditado "Casa onde não há pão..." e Portugal é mesmo uma casa onde não há pão. Resultado: toda a gente está cansada, frustrada, ou - pior do que isso - com enormes dificuldades e sem esperança.

Este período de ajustamento que tivemos que viver provocou um empobrecimento generalizado - apesar de muita gente ter aproveitado para enriquecer - e com o empobrecimento vem a degradação. Quem não trabalha no Estado não pode fazer uma pequena ideia da situação que se vive hoje em dia na administração pública, que está pura e simplesmente em desmantelamento.

Pode parecer que estou a exagerar; infelizmente não estou. Não digo mais porque não devo fazê-lo.

jolinho

eu acredito que os funcionários públicos estejam muito desmotivados e desconfortáveis

mas este ajustamento ... provocou muito desemprego ... 350.000 no sector privado ... e talvez 35.000 (contratados) no sector publico

qualquer pessoa que trabalha no privado 40h ... tem dificuldade em compreender e aceitar ... que a função pública tenha outro regime

no tempo do corporativismo ainda havia a cultura do "servidor do estado" ... depois do 25, instalou-se a cultura de "se servir do estado"

reposição das 35h aumenta o emprego com novas contrataçoes
mais emprego mais consumo mais impostos a receber
a economia a funcionar
e nao sou economista

parece que os economistas so conhecem a palavra despesa e nao saiem desse paradigma

jp

tens a prancha furada

em números redondos as contas são estas (na base 100)

mais empregados públicos

--» aumenta a despesa pública em 100
--» aumenta a receita pública em 25

mais consumo das famílias

--» aumenta a importação em 30
--» aumenta o crédito em 5

entao assim quanto mais desemprego melhor
a malta nao gasta o estado poupa
volta passos estas perdoado


por acaso ate foram economistas que disseram aquilo

JP,

Por serem economistas não quer dizer que tenham razão ou não possam dizer disparates.

Desemprego é mau. Devemos incentivar o emprego......no setor privado.

Investimento é bom. Devemos incentivar o investimento (de qualidade) no setor privado.

Dizer que por cada milhão que o estado gasta, recebe 1,5 milhões é um disparate.

Se for em pessoal, por cada milhão que investe, recebe em média 40% em impostos dos quais a maior parte dele vai para a SS. O restante as pessoas gastam, muito dele em produto importado, portanto é absurdo dizer que o estado empregar pessoas faz com que o dinheiro retorne para o estado.

pode nao ser em produto importado
pode ser em serviços o que gera mais empregos que podem ser no privado
mais impostos mais receita do privado and so on

o modelo do passos e dos troikanos é que nao
ele que imigre para a alemanha

Então segundo o teu modelo vamos trabalhar todos para o estado. Ficamos todos ricos.

reduzir para 35h no estado nao implica contratar mais
pode haver casos pontuais
estes funcionarios publicos antes ja faziam o mesmo trabalhando so 35h

o problema da função publica no geral nao sao as horas
é a gestao dos serviços
aquilo está o caos
e isso nem passos portas resolveram e nem o costa vai resolver

Ou contratas mais, ou pagas horas extra ou então havia trabalhadores a mais que deviam ter saído. Não podes dizer que se faz o mesmo em 35 horas que antes se fazia em 40.

Pois, pois. Isso parece a história de um tipo que fumava muito, ficou gravemente doente por causa disso, deixou de fumar e a doença não passou, então ele decidiu voltou a fumar. Eu acho que bem não faz de certeza.

Também é verdade, mas a desorganização resolve-se mais facilmente com mão de obra. Cortando 12,5% da mão de obra ou aumentando a despesa não ajuda muito pois não?

Portanto em resumo:
Todos estamos de acordo que há desorganização. Todos estamos de acordo que as pessoas fazem falta. É demonstrável matematicamente que se gastarmos menos o deficit desce.

Portanto a medida de baixar a função pública para as 35 horas é fantástica. É tão boa para o país que deverá inclusive ser exponenciavel, ou seja, se conseguimos ganhar passando das 40 para as 35, devemos ganhar mais ainda passado para as 30 ou até para as 25.

Tudo verdade
Mas so falo do que conheço bem

Na saude
Os turnos foram apenas rearranjados
Alguns aproveitaram a tal hora a mais pra beber mais cafes
Houve um relaxamento tipo protesto
Mas a produçao continuou na nesma
Ate porque o pessoal trabalha por fora em clinicas e consultorios e nao esta pra se cansar
Se voltar as 35h a produçao sera igual

Os serviços onde è preciso contratar nao è pelas horas
È por nao haver especialistas ou mao de obra nessa area

Nao è pelas 40h qye se vai atender mais doentes ou fazer mais exames ou diminuir o tempo de espera
Ai è por nao haver medicos mesmo e ma gestao dos recursos

O grau de insatisfaçao atual è enorme
A juntar as carreiras congeladas
E outros detalhes que nem falo
E muitos tem imigrado o que so agrava o problema

Passos so se preocupou em reduzir custos
Com as 40h alguns ficaram mais sobrecarregados
Mas a produçao final manteve_se nao melhorou em alguns casos piorou a malta imigrou e nao se contratou mais ninguem

Portanto espero bem que o PC e o BE tenham tomates com o costa
Ja agora trabalho no privado e faço muito mais de 40h